O pesquisador da IBM Hendrik Hamann examina sensores usados
para detectar condições ambientais, tais como temperatura, umidade,
gases e produtos químicos
Foto: Jon Simon/IBM / Divulgação
Os computadores devem se tornar capazes, nos próximos cinco anos, de
imitar o ser humano e começar a ver, ouvir, cheirar, tocar e ter
paladar. Essa é a previsão da IBM, que lançou ontem (17) a
sétima edição do "IBM 5 in 5", lista anual que mostra cinco inovações
que terão potencial para mudar a forma com as pessoas trabalham e vivem
em um período de cinco anos.
Nas previsões deste ano, a IBM descreve a "era dos sistema cognitivos",
e acredita que a nova geração de máquinas será capaz de aprender, se
adaptar, sentir e experimentar o mundo como ele realmente é. As apostas
da IBM são baseadas no mercado e na sociedade, bem como no trabalho
realizado nos laboratórios de Pesquisa e Desenvolvimento da empresa, que
podem tronar essas transformações possíveis.
"Assim como o cérebro humano se baseia na interação com o mundo usando
múltiplos sentidos, fazendo combinações dessas descobertas em conjunto,
os sistemas cognitivos vão trazer ainda mais valor e conhecimento, nos
ajudando a resolver alguns dos desafios mais complicados", avalia o
vice-presidente de inovação da companhia, Bernie Meyerson, em
comunicado. No projeto, cinco cientistas diferentes pensaram em cada uma
das tendências. Veja quais são as apostas da companhia para os próximos
cinco anos:
Toque
A IBM acredita que em um futuro próximo os usuários vão ser capazes de
sentir texturas ao tocar a superfície de uma tela. Os cientistas da
empresa já desenvolve aplicações para a saúde, varejo e outros setores
que usam tecnologias como sensibilidade a pressão, infravermelho e
vibração para simular o toque, como a textura e trama de um tecido, por
exemplo. Essa tecnologia pode ter aplicação na compra de produtos online
ou em desenvolvimento de games. "Esta tecnologia irá tornar-se
onipresente em nossas vidas cotidianas, transformando telefones
celulares em ferramentas de interação natural e intuitiva com o mundo ao
nosso redor", diz a empresa.
Visão
Atualmente, as fotos e vídeos que colocamos em computadores só são
compreendidos pelo texto ou rótuilos que damos a eles. O conteúdo real
da imagem é um mistério para as máquinas. Isso, prevê a IBM, deve mudar
em cinco anos. "Os sistemas não só serão capazez de olhar e reconhecer o
conteúdo de imagens e dados visuais, como eles vão transformar pixels
em significado, começando a fazer sentido de forma parecida à maneira
como os humanos veem e interpretam uma fotografia", prevê a companhia,
com impactos importantes na saúde, agricultura e varejo.
A análise de itens como cor ou padrões textura por computadores pode
ajudar a interpretar resultados de uma quantidade gigantesca de
informações médicas, como resultados de raio-X, resssonância magnética
ou tomografias. "Ao ser treinado para discriminar o que procurar em
imagens - como diferenciar tecido saudável do doentes - e correlacionar
com registros de pacientes e com a literatura científica, os sistemas
que podem "ver" vão ajudar os médicos a detectar problemas com precisão e
velocidade muito maiores.
Audição
Outra previsão da IBM para os próximos cinco anos diz que os
computadores serão capazes de detectar e interpretar elementos de som
como pressão sonora, vibraçoes e frequências. Isso pode ajudar a prever
quando uma árvore vai cair em uma floresta ou quando um deslizamento de
terra é iminente, por exemplo.
Os sistemas do futuro também serão capazes de reconhecer a fala de um
bebê, interpretando a tentativa de comunicação, relacionando os sons com
informações fisiológicas, e indicando a mensagem que ele quer passar:
fome, calor, cansaço ou dor. Além disso, esses sistemas poderiam
aprender a sentir humor, identificando aspectos de uma conversa,
analisando tom e hesitações para ajudar a ter diálogos mais produtivos
em call centers, por exemplo.
Sabor
A tecnologia que quer fazer com que computadores sintam sabores pode
ajudar as pessoas a comerem de forma mais inteligente. Hoje a IBM já
desenvolve um sistema que quebra os ingredientes para o seu nível
molecular. A relação da química dos alimentos com a psicologia por trás
dos sabores e cheiros que os humanos preferem pode no futuro ajudar
chefs a criarem novas receitas e combinações de sabores.
Outra aplicação de um sistema é a possibilidade de usar algoritmos para
determinar a estrutura química precisa de um alimento e detectar por
que as pessoas tem preferência por certos sabores. O exame de como esses
elementos interagem, da complexidade do aroma e as estruturas que os
ligam podem ser usados para prever o apelo de novos sabores. Isso
poderia ser aplicado também criando combinações que façam um prato
formado por vegetais tão saborosos quanto batatas fritas, ou ajudando
pessoas com necessidades alimentares, como diabéticos, a manterem o
nível de açúcar no sangue sem ter que abrir mão do sabor doce.
Cheiros
A análise de odores em pequenos sensores embutidos em celulares ou
computadores vão detectar se um ser humano está desenvolvendo uma gripe
ou outra doença. Ao analisar o cheiro da respiração de uma pessoa, em
cinco anos os sistemas podem diagnosticar e monitorar o aparecimento de
problemas no fígado ou nos rins, diabetes ou asma somente detectando que
odores são normais e quais não são.
Atualmente, a IBM já monitora condições ambientais para preservar obras
de arte, e essa inovação pode começar a ser usada para aumentar a
higiene em hospitais, eliminando bactérias resistentes a antibióticos. A
companhia afirma que nos próximos cinco anos vai "cheirar" superfícies
para determinar se os quartos de um hospital foram higienizados ou não.
FONTE: PORTAL TERRA