EFE
Cidade do Vaticano, 12 fev (EFE).- Após o anúncio de
renúncia ao Pontificado de Bento XVI, todos os olhares estão voltados ao
Conclave que será realizado, previsivelmente, na metade de março, e já
começaram as especulações sobre quem será escolhido como seu sucessor,
com dois norte-americanos, um italiano e dois africanos liderando as
apostas.
Segundo os observadores vaticanos, chegou a hora da Igreja ter um
papa da África ou da América, onde vive metade dos mais de 1,2 bilhão de
católicos no mundo.
O Conclave, como estabelece a normativa vaticana, começará entre 15 e
20 dias depois do início da chamada Sé Vacante (tempo entre a morte ou
renúncia de um papa até a escolha de outro), com o objetivo de permitir
que todos os cardeais do mundo compareçam a Roma.
Bento XVI renunciará oficialmente ao Pontificado em 28 de fevereiro,
às 20h de Roma (17h, horário de Brasília) e imediatamente começará a Sé
Vacante, por isso que não descarta que o Conclave comece em 15 de março.
Um total de 117 cardeais de menos de 80 anos poderão entrar na Capela
Sistina para escolher o novo papa e, embora possa ser designado
qualquer cardeal com mais de 80 anos (até 91) ou qualquer sacerdote
católico, e o normal é que o sucessor de Ratzinger saia desses 117.
Todos os cardeais eleitores já se apressaram em dizer que não são
pessoas adequadas para ocupar o trono de São Pedro, já que nenhum quer
que seja cumprido o ditado popular "quem entra em um Conclave com fama
de papa, sai cardeal".
No entanto, os observadores vaticanos já começaram a apontar os
cardeais com mais probabilidades, entre eles os norte-americanos Marc
Ouellet - canadense, de 69 anos, presidente da Comissão Pontifícia para a
América Latina e da Congregação para os Bispos - e Timothy Dolan, de 62
anos, arcebispo de Nova York.
Ouellet conhece todo os bispos devido a seu cargo, e é considerado um
grande conhecedor de toda a Igreja na América, incluindo a
latino-americana.
Dolan, por sua vez, se destacou durante o recente Sínodo de Bispos
para a Nova Evangelização por seu otimismo sobre o futuro da Igreja.
Junto a estes dois nomes também aparecem os africanos Peter Turkson -
de Gana, com 64 anos e encarregado do "Ministério" vaticano para a
Justiça e Paz - e Robert Sarah, guineano, de 67 anos e presidente do
Pontifício Conselho Cor Unum, que se encarrega de distribuir a caridade
do papa.
Os africanos provêm de igrejas jovens e de um continente onde a Igreja ainda cresce, porém já está madura.
Dentro dessa linha de "papáveis" procedentes de igrejas não-europeias
também se destacam os brasileiros João Braz de Aviz (de 65 anos,
governador regional da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada
e as Sociedades de Vida Apostólica), Odílio Pedro Scherer - de 63 anos e
arcebispo de São Paulo - e o argentino Leonardo Sandri, de 69 anos e
governador regional para as Igrejas Orientais.
Os italianos, que desejam que o Pontificado, após os 27 anos do
polonês João Paulo II e os quase 8 do alemão Bento XVI, volte para as
mãos de um cardeal italiano, o que surge com maior probabilidade é
Angelo Scola, arcebispo de Milão, de 71 anos e próximo ao movimento
Comunhão e Libertação.
Além de Scola, Gianfranco Ravasi, de 70 anos, "ministro da Cultura"
do Vaticano e promotor do "Pátio dos Gentis" para impulsionar o diálogo
com os não crentes, também aparece na disputa.
Fala-se, além disso, do austríaco Cristoph Schoenborne - de 67 anos,
que foi aluno de Bento XVI e quem mais o defendeu quando aumentaram as
críticas contra o pontífice pelos casos de padres pedófilos - e o
cardeal de Manila, Luis Tagle, de 55 anos.
Os dois são considerados "grandes eleitores", ou seja capazes de dirigir o voto.
Junto aos "papáveis", a duração do Conclave também é motivo de
conjeturas e são muitos os que falam que se prolongará por pelo menos
três ou quatro dias, já que no Conclave que elegeu Bento XVI, o cardeal
Ratzinger se sobressaía do resto e agora, estão mais nivelados.
Seja quem for o eleito, o novo papa terá que dar resposta a temas que
não pode seguir ignorando, como o celibato, o sacerdócio da mulher e a
comunhão aos divorciados, entre outros assuntos.