TRIBUNA DO NORTE
O balanço anual, divulgado hoje (26), do Seguro de Danos Pessoais
Causados por Veículos Automotores de Via Terrestre (Dpvat) aponta que
69% das indenizações pagas, de 2011 a 2012, pelo seguro decorreram de
acidentes com moto. Os números chamam a atenção para um cenário de
alerta. "Estamos diante de uma doença epidêmica e generalizada [número
de acidentes com motos] e não vemos ações drásticas do Estado para
contê-la", disse um dos diretores da Associação Brasileira de Medicina
no Trânsito (Abramet), o médico Dirceu Rodrigues Alves.
A
associação estima que, nos próximos seis meses, 69% dos motociclistas
podem sofrer algum acidente, com lesões leves, médias ou graves. O
cálculo foi feito com base em uma amostragem com 800 motoqueiros, em
1993. De acordo com Alves , a projeção condiz com a situação atual e
pode, inclusive, ser otimista diante do grande número de motocicletas no
país, que já passa de 19 milhões. As motos representam 27% da frota
nacional de veículos.
Muitas vezes sem equipamentos de segurança,
os motociclistas ficam mais vulneráveis aos acidentes de trânsito em
relação aos motoristas de carro. De acordo com Dirceu, 73% dos atendidos
nos hospitais chegam em estado grave, ocupando 40% das vagas das
unidades de Terapia Intensiva (UTIs) públicas. A maior parte dos
motociclistas (40,6%) sofre lesões graves nas pernas ou sequelas, como
amputações e paraplegia. A faixa etária mais afetada é 18 a 34 anos.
Os
acidentes com motos pesam nas contas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dos gastos na rede pública com acidentados, 48% são com motociclistas,
situação que se acentua no Nordeste. No Piauí, a fatia chega a 84,26% e,
em Pernambuco, o número de acidentes, em três anos, subiu 1.286%.
Para
o diretor da Abramet, podem contribuir para reduzir os números o uso de
faixas exclusivas nas cidades, exames periódicos para motociclistas,
penas mais duras, jornadas reduzidas para quem trabalha com motos e
investimento em educação no trânsito desde a educação infantil.
"A
moto será uma necessidade futura para o nosso trânsito. Não somos
contra a moto. Somos a favor que a moto seja regulamentada para servir à
população como um todo. A moto nas ruas não pode ter a conotação de uma
atividade radical. A moto é ágil, mas é frágil", argumenta Dirceu.
* Com informações da Agência Brasil